sábado, 2 de abril de 2016

Arquitetura e Urbanismo: Você já ouviu falar de Arquitetura Hostil?

Largo do Paissandu - São Paulo, SP

As cidades e todos os seus espaços públicos foram projetados e pensados para todos, certo? Na teoria sim, mas na prática não. 

Na contramão do pensamento da cidade para todos, alguns urbanistas, autoridades e até uma parcela da própria população, prefere criar na cidade espaços públicos que limitem as interações pessoais e ocultem certa realidade.

Um grande problema das grandes cidades - no mundo todo, não apenas as brasileiras - é a parcela da população que não tem casa e, por isso, vive nas ruas. Somente na cidade de São Paulo estima-se que essa população beire a marca de 16 mil pessoas! E a Arquitetura Hostil vem para mostrar como lidamos com essa triste realidade: escondendo-a para longe de nossos olhos.

Pinos metálicos

Não importa o quão grave é o problema da falta de moradia atualmente, nós encontramos uma boa forma de acabar com essa realidade perante nossos olhos, espalhando pinos metálicos, pedras pontiagudas e bancos com braços pela cidade toda, afim de livrar o espaço público de cenas que não gostamos de ver, tampouco de encarar.

Os pinos metálicos da foto acima são apenas um exemplo da chamada Arquitetura da Exclusão ou Hostil. Esse tipo de intervenção acontece em bancos, peitoris de janela, debaixo de pontes e viadutos, praças e qualquer outro tipo de espaço público, tudo em prol da "higienização" dos espaços daquilo que não gostamos de ver e relutamos em aceitar como realidade.

Bancos com braços

Se engana quem pense que essas intervenções existam apenas para inibir a presença de moradores de rua. Esse tipo de dispositivo inibidor é usado também para afastar pessoas que praticam esportes como o skate, e até mesmo quem queira sentar, conversar e aproveitar a cidade.
Essas estruturas intimidadoras impedem que todo cidadão se utilize do espaço público de forma plena, pois esses dispositivos interferem na forma como qualquer pessoa utiliza a cidade no dia-a-dia. Não é muito difícil de encontrar pontos de ônibus, por exemplo, em que os bancos sejam incômodos, apertados, segmentados, ou até inexistentes. 

Pedras pontiagudas em baixo de viadutos

Atitudes como essa reforçam e materializam a intolerância da sociedade, tornando o espaço público cada vez menos acolhedor para todos.
Por uma cidade mais justa, inclusiva e que todos possam usufruir. E também que os problemas existentes nela sejam encarados, enfrentados e solucionados e não apenas afastados, como vimos acima, criando uma falsa atmosfera de uma cidade sem problemas, e espaços embelezados para apenas quem merece utilizá-las.

Para ler mais sobre o assunto, abaixo dois links com bons textos sobre o assunto:


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