sexta-feira, 8 de abril de 2016

Urbanismo | The Underline: O novo parque linear de Miami

Metrô de Miami
Atualmente a cidade de Miami, nos Estados Unidos, conta com duas linhas de metrô, totalizando 40 km de trilhos e 23 paradas. O metrô da cidade não é do tipo enterrado, mas do tipo de superfície, o que cria espaços livres debaixo da estrutura.

A cidade aproveitou certos trechos e criou ciclovias em alguns desses pontos. Entretanto, essa ciclovia não foi muito bem planejada nem estruturada, e por todo o seu trajeto é possível ver diversos pontos cegos, curvas sinuosas e conflito de usos, onde não de distingue muito bem onde o espaço é para ciclista e onde o espaço é para pedestres. O vídeo abaixo registrou o trajeto, mostrando as dificuldades enfrentadas por quem utiliza a ciclovia.


Meg Daly, depois de verificar o enorme potencial que existe debaixo da estrutura do metrô, fundou em 2014 a organização sem fins lucrativos Friends of The Underline, que trabalha para implantar um parque linear de 16 km sob o metrô.

A ideia do The Underline, é criar sob os trilhos do metrô de Miami um espaço que permita aos cidadãos ocupar a cidade. O projeto consiste na criação de uma ciclovia separada do passeio de pedestres, estações para prática de atividades físicas, parquinhos, bicicletários, galerias, enfim, uma série de equipamentos públicos de lazer para a população. Veja abaixo que incríveis as projeções de como ficará o parque.

ANTES
DEPOIS
ANTES
DEPOIS
ANTES
DEPOIS
A estimativa do projeto é desembolsar US$ 120 milhões, destinando US$ 80 milhões para a construção da ciclovia, passeio de pedestres, iluminação e mobiliário urbano. US$ 20 milhões para reformular os mais de 30 cruzamentos e mais US$ 20 milhões para a construção dos parques.

Considero a iniciativa do The Underline sensacional, um exemplo para nós! Me lembrou muito o The High Line, projeto muito semelhante que ocupou os trilhos abandonados de Nova York com um imenso parque suspenso. O mais bacana é que ambos projetos partem de iniciativa da própria população!

Cidades brasileiras, como São Paulo, também tem o mesmo sistema de metrô, o de superfície e, mais recentemente, os monotrilhos suspensos. E fica a pergunta de como estamos aproveitando esses espaços que ficam abaixo dessas gigantescas estrutuaras. Abrindo mais avenidas? Ou criando canteiros sem nenhuma função, gerando cada vez mais espaços inertes pelas cidades, onde a população não pode ocupar e nem usufruir do espaço público. Como já disse, as iniciativas do The High Line e do The Underline, surgiram do próprio povo, que levou essas contribuições às autoridades e cobram delas a execução do que é pedido.

Linha 1 do Metrô de São Paulo
O espaço público é de todos, cabe a nós exigirmos de nossas autoridades o melhor uso dele, criando cada vez mais uma cidade melhor para se viver!

Abaixo, fonte das fotos e do conteúdo. Acessem para mais informações:

sábado, 2 de abril de 2016

Arquitetura e Urbanismo: Você já ouviu falar de Arquitetura Hostil?

Largo do Paissandu - São Paulo, SP

As cidades e todos os seus espaços públicos foram projetados e pensados para todos, certo? Na teoria sim, mas na prática não. 

Na contramão do pensamento da cidade para todos, alguns urbanistas, autoridades e até uma parcela da própria população, prefere criar na cidade espaços públicos que limitem as interações pessoais e ocultem certa realidade.

Um grande problema das grandes cidades - no mundo todo, não apenas as brasileiras - é a parcela da população que não tem casa e, por isso, vive nas ruas. Somente na cidade de São Paulo estima-se que essa população beire a marca de 16 mil pessoas! E a Arquitetura Hostil vem para mostrar como lidamos com essa triste realidade: escondendo-a para longe de nossos olhos.

Pinos metálicos

Não importa o quão grave é o problema da falta de moradia atualmente, nós encontramos uma boa forma de acabar com essa realidade perante nossos olhos, espalhando pinos metálicos, pedras pontiagudas e bancos com braços pela cidade toda, afim de livrar o espaço público de cenas que não gostamos de ver, tampouco de encarar.

Os pinos metálicos da foto acima são apenas um exemplo da chamada Arquitetura da Exclusão ou Hostil. Esse tipo de intervenção acontece em bancos, peitoris de janela, debaixo de pontes e viadutos, praças e qualquer outro tipo de espaço público, tudo em prol da "higienização" dos espaços daquilo que não gostamos de ver e relutamos em aceitar como realidade.

Bancos com braços

Se engana quem pense que essas intervenções existam apenas para inibir a presença de moradores de rua. Esse tipo de dispositivo inibidor é usado também para afastar pessoas que praticam esportes como o skate, e até mesmo quem queira sentar, conversar e aproveitar a cidade.
Essas estruturas intimidadoras impedem que todo cidadão se utilize do espaço público de forma plena, pois esses dispositivos interferem na forma como qualquer pessoa utiliza a cidade no dia-a-dia. Não é muito difícil de encontrar pontos de ônibus, por exemplo, em que os bancos sejam incômodos, apertados, segmentados, ou até inexistentes. 

Pedras pontiagudas em baixo de viadutos

Atitudes como essa reforçam e materializam a intolerância da sociedade, tornando o espaço público cada vez menos acolhedor para todos.
Por uma cidade mais justa, inclusiva e que todos possam usufruir. E também que os problemas existentes nela sejam encarados, enfrentados e solucionados e não apenas afastados, como vimos acima, criando uma falsa atmosfera de uma cidade sem problemas, e espaços embelezados para apenas quem merece utilizá-las.

Para ler mais sobre o assunto, abaixo dois links com bons textos sobre o assunto: